A Eletronuclear, estatal que controla as Centrais Nucleares de Angra dos Reis (RJ), solicitou formalmente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a extensão de vida útil de Angra 1, de 40 para 60 anos.
Os 40 anos de atividade de Angra 1 se completam em 2024. Conforme Leonam, o pedido de extensão ocorre agora porque “havia um compromisso da Eletronuclear de fazer esta solicitação cinco anos antes do vencimento da licença operacional”. A Chefe de Gabinete da CNEN, Cássia Helena Pereira Lima, representando o presidente da instituição, Paulo Roberto Pertusi, afirmou que “a CNEN se empenhará para que o processo de análise do pedido ocorra dentro do prazo adequado, mas com foco na segurança, radioproteção e no extremo rigor técnico”.
O titular da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da CNEN, Ricardo Fraga Gutterres, foi quem recebeu a documentação, em formato digital, das mãos de Leonam Guimarães. Para Gutterres, a Eletronuclear e a DRS/CNEN exercem funções claramente distintas no setor nuclear, mas “as reuniões realizadas entre técnicos das duas instituições podem colaborar para troca de informações nos processos críticos da Central Nuclear”. Ele acredita que o pedido de extensão da vida útil de Angra 1 também deverá contar com esta forma de relacionamento, permitindo à CNEN uma análise bastante detalhada e rigorosa da solicitação.
Jefferson Borges Araújo, diretor da unidade da CNEN em Angra dos Reis, explica que as usinas nucleares brasileiras, seguindo padrão dos EUA, foram licenciadas para operar por 40 anos então, o pedido de extensão de vida útil deve ser feito cinco anos antes do fim da licença de operação. Entre os vários itens que serão analisados na solicitação, estão o Programa de Gestão de Envelhecimento (PGE) e também procedimentos relacionados à gestão do conhecimento e à obsolescência. Angra 2, que ainda tem um prazo mais amplo de sua vida útil inicialmente licenciada, já iniciou estudos para implementar um Programa Integrado de Gestão do Envelhecimento de Sistemas, Estruturas e Componentes.
As extensões de vida útil de reatores nucleares vêm ocorrendo no mundo todo e foram possíveis por conta do avanço tecnológico – que permitiu que novos materiais e técnicas sustentassem a segurança das usinas por um tempo maior que o inicialmente projetado.
A Eletronuclear está em tratativas para a contratação de um financiamento no valor de R$1bilhão junto ao USEximbank – recurso que será utilizado para estender a vida útil da usina, que utiliza equipamentos da Westinghouse.
Até 2012 a energia de Angra 1 era contratada por Furnas e, a partir de então, passou a a ser contratada por meio de cotas junto à CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e rateada por todas as distribuidoras do país.