A gigante farmacêutica Roche vai investir R$ 300 milhões nos próximos cinco anos na expansão da sua unidade de produção de medicamentos em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A expectativa da companhia é ampliar em 10% a capacidade atual da fábrica, de 55 milhões de unidades de medicamentos por ano, a partir de 2017.
Sexto maior mercado da Roche no mundo, o Brasil responde por 40% das vendas do grupo na América do Sul e é o país com o maior crescimento do volume de negócios entre os emergentes. No ano passado, a companhia faturou R$ 2,3 bilhões no Brasil, com crescimento de 9,5% em relação a 2013. Para 2015, a expectativa é crescer em linha com o mercado farmacêutico no país, no patamar de dois dígitos.
“Vemos um desenvolvimento muito positivo [no Brasil] e prevemos muitos elementos positivos nos anos que virão. Estamos confiantes que a participação [do mercado brasileiro no faturamento total do grupo] vai crescer”, afirmou o presidente do conselho de administração da Roche, Christoph Franz, ao Valor . “Não estamos lidando somente com produtos que podem ser vendidos. Estamos lidando com produtos que são essenciais para a saúde de pacientes. Essa é a razão para termos capacidade suficiente para fornecer a quantidade necessária de cada medicamento no país”, completou.
O investimento na fábrica de Jacarepaguá, disse ele, não é justificado apenas pelo mercado interno, mas também pela demanda positiva de outros países da América Latina. A ideia é aumentar em 20% o volume de exportação de medicamentos a partir da unidade brasileira a partir de 2017. Hoje a fábrica já exporta 16 milhões de unidades de medicamentos por ano, o equivalente a 30% do volume total produzido.
Para Franz, apesar de haver um consenso de que a economia brasileira terá dificuldade para crescer este ano, o grupo entende que alguns ajustes e reformas necessários no país já foram feitas. “Isso leva um tempo para que seja refletido na economia. E, no fim das contas, nosso compromisso de investimento no Brasil é de longo prazo e estamos focando na demanda prevista a partir de 2017”, explicou. “Neste país, assistência médica é um direito constitucional. Isso é diferente, em comparação com a maioria dos países do mundo”, concluiu.
Para o presidente do conselho de administração da Roche, outras reformas ainda são necessárias, como a tributária. Franz chamou atenção para o complexo sistema tributário e para a burocracia existente no país.
A subsidiária brasileira da Roche foi criada em 1930 e emprega atualmente mais de 1.700 pessoas, em três unidades. Além da fábrica em Jacarepaguá, o grupo possui um escritório comercial em São Paulo e um centro de distribuição em Anápolis, em Goiás.
Com atuação nos setores farmacêutico e diagnóstico, para desenvolvimento de soluções para doenças complexas, e com medicamentos diferenciados para áreas de oncologia, virologia, inflamação, entre outras, a Roche tem um forte viés de inovação. A companhia foi a quarta empresa que mais investiu em pesquisa e desenvolvimento no mundo em 2014, totalizando 8,9 bilhões de francos suíços, o equivalente a quase R$ 29 bilhões. O montante corresponde a aproximadamente 20% do faturamento global do grupo no ano passado, de 47,5 bilhões de francos suíços, ou cerca de R$ 152 bilhões.
“Somos a empresa farmacêutica com o maior orçamento de pesquisa do mundo”, disse o presidente do conselho da Roche.
No Brasil, a companhia investiu R$ 368 milhões em pesquisa e desenvolvimento nos últimos três anos. Atualmente, 240 centros de pesquisa estão envolvidos em 79 estudos clínicos conduzidos pela Roche no país, com participação de mais de 1.700 pacientes.
A companhia estima que 19 milhões de pacientes são tratados no mundo hoje com os principais medicamentos do grupo, principalmente nas áreas de oncologia, neurologia e imunologia. No mundo, 360 mil pacientes participam de estudos clínicos desenvolvidos pela Roche.
Fonte: Valor Econômico – Rodrigo Polito