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Volta do manejo manual nos canaviais pode abrir até 60 mil postos em quatro anos

Em plena era da colheita e plantio mecanizados nos canaviais, Bruno Aparecido Paulino, de 23 anos, foi contratado para colocar as mãos na terra. Desde o início do ano no grupo São Martinho, Paulino planta mudas de cana-de-açúcar criadas em estufas, que têm sido multiplicadas em campos experimentais. Filho de pedreiro e com ensino médio completo, Paulino faz parte de uma nova safra de trabalhadores que voltou a plantar cana manualmente.

A volta do manejo manual está longe de se tornar rotina nos 9,4 milhões de hectares cultivados no País. Pouco a pouco, porém, esse cenário está mudando. Grupos como o São Martinho, um dos maiores produtores de açúcar e álcool do País, têm trabalhado no desenvolvimento de suas próprias mudas, consideradas mais produtivas. Outros utilizam cana crua ou compram mudas no mercado.

A diferença é que, para plantá-las, algumas usinas estão deixando de lado seus pesados e modernos equipamentos. Descobriram que a utilização de trabalhadores, neste caso, é mais eficiente que a máquina. As plantadeiras, além de compactar a terra, desperdiçam matéria-prima.

Caminho sem volta, a mecanização dos canaviais eliminou cerca de 500 mil vagas nos últimos dez anos, muitas delas ocupadas por boias-frias que vinham do Nordeste para cortar cana no Centro-Sul do País. Parte desse contingente foi aproveitado pelas usinas e ganhou outras funções, como operadores de máquinas, mecânicos e até em cargos administrativos, mas muitos foram para a rua, engrossando as estatísticas de desemprego. O setor, que já teve 1,3 milhão de trabalhadores, hoje emprega cerca de 850 mil pessoas.

O retorno da meiosi

A contratação de trabalhadores rurais pelas usinas reflete a retomada do plantio de cana pelo sistema de meiosi, diz Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro. A estimativa de Nastari é de geração de até 60 mil vagas em quatro anos.

Esse sistema passou a ser adotado de cinco anos para cá, apesar de existir desde os anos 1980, explica Luiz Antonio Paes, diretor do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Na meiosi, a cana é plantada em filas quilométricas intercaladas por outras culturas.

“Há controle maior de falhas de brotação das mudas, menos desperdício de matéria-prima e maior rendimento, na comparação com o uso de plantadeiras.” Para cada hectare plantado de cana por meiosi, o rendimento é de até 10 hectares. No sistema mecanizado, é de um para quatro. “O georreferenciamento ajudou a dar maior precisão, porque as usinas conseguem monitorar os canaviais por GPS”.

Embora seja altamente produtivo, a meiosi não é adotada em larga escala. Pesquisa do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), feita entre janeiro e fevereiro, com 137 usinas, mostra que 23,4% delas pretendem adotar a meiosi. Destas, 87% têm planos de fazer plantio manual.

O novo perfil dos trabalhadores do plantio manual

As vagas que têm surgido são ocupadas por pessoas que moram nos arredores das usinas, muitas delas com ensino médio completo, ou por ex-boias-frias que não voltaram para suas cidades de origem.

“A contratação das usinas é consequência da retomada do plantio por sistema de meiosi. Ele começou a ser adotado há quase cinco anos e só é feito em áreas de renovação de canaviais”, explica Plinio Nastari, da Datagro.

Antes de chegar ao grupo São Martinho, Paulino não tinha a menor ideia de como se plantava uma muda de cana. Tinha trabalhado em supermercado e em outra usina, mas em outra atividade. “Jogava veneno nos canaviais”, diz. Hoje, seu salário, de R$ 1,8 mil, é a principal renda da casa.

Já Gilson José dos Santos, 35 anos, também contratado há poucos meses no mesmo grupo, estudou até o 5º ano do fundamental e já tinha experiência em canaviais e laranjais. Pernambucano de Bom Jardim, chegou em 2008 à região de Ribeirão Preto para cortar cana. Foi e voltou algumas vezes para sua cidade natal, mas em 2013 se fixou de vez em Rincão, a 50 quilômetros de Ribeirão Preto.

Tanto Paulino como Santos foram contratados para exercer uma função considerada nobre pela São Martinho: limpar e cortar a cana em geminhas (pequenos gomos), na biofábrica do grupo, em Pradópolis. Toda a colheita e o plantio do grupo são mecanizados. O trabalho manual só é feito próximo às estufas.

A 50 quilômetros da São Martinho, na cidade de Pitangueiras, a Virálcool, do grupo Toniello, aposentou parte de suas plantadeiras. Nesses canaviais, os caminhões só chegam para trazer a cana. Os trabalhadores cuidam do resto: despejam a matéria-prima e afofam a terra.

“Ainda bem que o homem voltou a exercer uma função que foi tirada pela máquina”, diz Benedito de Souza, o Dito, de 62 anos. Há 47 anos no grupo, chefia uma equipe de trabalhadores rurais que plantam pelo sistema meiosi. “Meu pai era cortador de cana no grupo. Comecei também como cortador, mas virei encarregado em 1981. Meu filho também trabalha aqui, como químico formado. Isso é motivo de orgulho”.

Irmãos trabalham no mesmo canavial

Na equipe comandada por Dito há mais veteranos do que iniciantes. Entre eles, Marquinhos Coelho dos Santos, 42 anos. Há sete anos na Virálcool, veio do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, para trabalhar na lavoura no interior de São Paulo. Analfabeto, não pôde tirar carteira de motorista. Por isso, exerce a mesma função desde que entrou na empresa.

Já seu irmão Adenilson Coelho dos Santos, 31 anos, chegou há um ano para trabalhar no mesmo grupo. Com ensino médio completo, já foi metalúrgico em Belo Horizonte, mas o desemprego o empurrou para o campo.

Marcone, irmão de Adenilson e Marquinhos, que não soube nem dizer sua idade (ele pediu ajuda à reportagem e mostrou seu RG para responder à pergunta), também chegou à usina há pouco tempo. “Estudei até o 4º ano (do ensino fundamental). Trabalhar no campo foi minha única opção. Mas eu gosto”.

Mônica Scaramuzzo

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