Para OCDE, problemas na educação são empecilho para jovens em busca de emprego
RIO – Embora contenha passagens polêmicas na educação superior, as cotas não foram o foco principal do relatório “Investing in Youth: Brazil”. Publicado em abril, o estudo preocupou-se em mostrar como o país pode aproveitar melhor a nova onda de jovens que começam a oferecer sua mão de obra no mercado de trabalho. E com um capítulo inteiramente dedicado a indicadores educacionais, a OCDE ressaltou que grande parte dos futuros empregados ainda carece de qualificação.
A organização também fornece números para dar mais força aos argumentos. De acordo com o relatório, trabalhadores com terceiro grau completo ganham, em média, duas vezes e meia a mais do que quem completou apenas o ensino médio. Essa diferença é a segunda maior dentre 34 países analisados pela OCDE.
E os problemas na educação começam desde cedo, quase no berço. Segundo o estudo, apenas 36% das crianças de 0 a 3 anos no Brasil estavam em creches em 2011, número bem abaixo da média de 67% dos países que compõem a OCDE no mesmo período. Já na faixa de 4 a 6 anos, somente 57% dos brasileiros tinham matrículas na pré-escola, percentual bem inferior aos 84% em média da OCDE.
Já nos ensinos médio e fundamental, os problemas apontados no relatório são a qualidade e a duração das aulas. Segundo os cálculos da organização, baseado em um estudo da Fundação Getúlio Vargas, os alunos brasileiros passam em média 3,47 horas na escola, enquanto dentre os países da OCDE, a média é de sete horas letivas.
Conteúdos defasados, por outro lado, contribuiríam para os altos índices de repetência e desistência. Segundo a organização, a taxa de 33% em 2012 de brasileiros entre 20 e 24 anos que tinham abandonado os estudos era mais do que o dobro da média da OCDE, e colocava o Brasil entre uma das nações onde os alunos mais largavam a escola.
Mas também há boas notícias no relatório. Em meio a protestos contra gastos do governo federal para a Copa do Mundo, a OCDE afirmou que o Brasil foi o país que mais aumentou investimentos públicos em Educação num espaço de cinco anos. Em 2005, o país destinava 14,5% de seu orçamento ao setor, número que subiu para 18,1% em 2010. Vale ressaltar que este último percentual ficou acima da média de 13% da OCDE.
Em relação aos PIBs nacionais, no entanto, o Brasil ainda encontra-se bem abaixo da média da OCDE. Em 2010, 5,6% de toda a riqueza gerada foram para a educação no país, contra 6,3% dos países desenvolvidos. (Leonardo Vieira)
“Os 10% do PIB podem não ser a solução se o país não souber exatamente onde investir”
Fonte: O Globo