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Megatendências globais e o Brasil

Analistas de variadas matizes ideológicas parecem concordar com ao menos uma opinião: a de que estaríamos vivendo tempos singulares. Embora possa soar como mais um jargão, há, porém, razões para não negligenciarmos a opinião. Afinal, estamos passando por grandes e visíveis transformações nos campos político, social, ambiental e econômico. No campo econômico, já se identificam megatendências que muito provavelmente influenciarão o dia a dia das pessoas, dos negócios e da economia global ao longo das próximas décadas e dentre elas destacamos as que seguem.

Primeira, crescente interdependência entre as economias. As economias estão cada vez mais interligadas por complexos e intrincados canais de transmissão que vão muito além do comércio de bens. De fato, a alocação dos recursos e a formação dos preços internos dos bens e serviços são cada vez mais influenciadas, direta ou indiretamente, por fatores econômicos, financeiros, políticos e regulatórios internacionais e até mesmo as economias mais fechadas estão sujeitas àquelas forças.

Segunda, o crescente intervencionismo dos governos nas economias. Os governos, inclusive os de países desenvolvidos, estão influenciando cada vez mais o funcionamento das economias e alterando incentivos, a alocação de recursos privados e a remuneração do capital e do trabalho. Dentre as intervenções incluem-se o crescente ativismo normativo dos Bancos Centrais, o crescente ativismo fiscal, a popularização dos acordos comerciais preferenciais, as legislações de propriedade intelectual e de serviços e as invasivas regras de investimentos e de movimento de pessoas.

Terceira, a crescente relevância das novas tecnologias de produção e de gestão para a geração de riqueza. Automação da produção, impressoras 3D, internet das coisas, tecnologias na nuvem, tecnologias na área energética, lean manufacturing e cadeias globais de valor figuram dentre as tecnologias que estão revolucionando a forma como se produz e se gerencia a produção, alterando o jogo da competição. Mas a tendência mais perturbadora nessa área está associada à crescente importância da interação entre agentes econômicos em nível nacional para a determinação da competitividade. Por aqui passa a explicação da reemergência dos Estados Unidos como potência manufatureira global.

Quarta, a crescente relevância dos serviços para a geração de riqueza. Os serviços assumiram em definitivo o protagonismo econômico a partir do momento em que passaram a se combinar com os bens manufaturados numa relação sinergética e simbiótica para criar bens que nem são produtos manufaturados convencionais nem tampouco serviços finais – tratam-se de bens manufaturados com novas funcionalidades e elevada participação de serviços como design, softwares, patentes e marcas no valor final. Mas a tendência mais impactante está associada à comercialização de serviços em nível global, como já são os casos de serviços de educação, saúde, entretenimento, projetos, telecomunicações e serviços financeiros.

Por fim, a crescente consolidação dos mercados. A globalização e as intervenções governamentais estão alterando a noção de tamanho e escala de mercado e uma das consequências é a crescente consolidação de vários setores, incluindo indústrias críticas como a farmacêutica, química, eletrônica, mecânica, de energia, alimentos, serviços financeiros e de telecomunicações. Empresas que antes eram consideradas grandes e influentes em âmbito nacional ou até regional passaram a ser consideradas pequenas para o mercado global, perdendo a capacidade de competir, investir e inovar.

O problema dessas megatendências é que elas não são neutras do ponto de vista coletivo – tamanho da economia, estágio do desenvolvimento, influência política, acesso a crédito, base tecnológica e moeda estão dentre os fatores que estabelecem condições altamente assimétricas de competição entre países e endogenizam os seus próprios destinos na economia global. Duas ilustrações recentes são as políticas ultra-heterodoxas do Fed e suas implicações na economia internacional e a capacidade política e econômica dos americanos e europeus de validarem as suas estratégias de liberalização internacional do setor de serviços, os quais são vistos por eles como as fontes primárias de geração futura de empregos naqueles países.

As megatendências indicam que, ao contrário da previsão de muitos analistas de que haverá convergência de renda per capita entre países desenvolvidos e emergentes, é mais provável que haja, isto sim, aumento da divergência entre eles. As megatendências também sugerem que, em razão da falácia da composição, não haverá lugar ao sol para todos os países. Por isto, não é exagero prever que as próximas décadas venham ser mais, e não menos desafiadoras para os países em desenvolvimento.

As evidências mostram que poucos países emergentes conseguiram ascender ao status de nações prósperas nas últimas décadas e dentre elas estão aquelas que embarcaram em agendas de reformas focadas na geração de conhecimento, tecnologias, agregação de valor, internacionalização de empresas, aquisição de ativos estrangeiros com transferência de conhecimento, participação em cadeias globais de valor e formação de marcas globais. Este é o caso da Coreia do Sul e, possivelmente, da China.

Quanto ao Brasil, estamos ainda bastante ocupados tentando resolver nossos problemas básicos de educação, saúde, infraestrutura, inflação, equilíbrio fiscal e gestão pública e estamos, por isto, passando ao largo das discussões e das agendas críticas do século XXI. A esta altura dos acontecimentos, se quisermos nos tornar uma nação próspera, teremos que nos reinventar para encontrar formas novas de fazer políticas públicas que nos conduzam a atalhos que ao mesmo tempo deem conta das agendas do século XX e do XXI. Não será fácil. O desafio está posto e é tarefa de nação e não apenas de governo. Para tanto, será preciso muita determinação, senso de urgência e de responsabilidade e, acima de tudo, sabermos o que queremos.

Fonte: Valor Econômico / Por Jorge Arbache, professor de economia da UnB.

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