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Cadeias Produtivas e Governança no Contexto da Economia Circular

Como reportado por Gereffi et al. (2005), a globalização da produção e vendas nas últimas décadas forçou de certa forma que as empresas modificassem suas estratégias de comércio e, consequentemente, na forma com que algumas cadeias de valor fossem conduzidas. Pode-se citar, por exemplo, a transição da governança de hierarquia para modular da cadeia de valor dos computadores a partir dos anos 80 nos Estados Unidos com o crescimento rápido do seu uso doméstico/particular. O que levou à padronização de tecnologias e terceirização dos fabricantes das peças, criando pacotes de atividades genéricas e tornando a relação entre os stakeholders da cadeia de valor mais fluida.

Baseando-se nisso, o crescimento da Economia Circular a nível global tende a modificar a dinâmica das cadeias de valor e as estratégias de comércio internacional mencionadas. Isso porque o fluxo de materiais e insumos em ciclos e baseado na economia de desempenho proposto pelo modelo implica em uma nova forma com que os produtos são montados, comercializados e distribuídos, podendo ainda introduzir novos atores para que ocorra a circularidade.

Uma dessas modificações, por exemplo, pode vir com a disseminação da Responsabilidade Estendida do Produtor (REP) reportada por Kunz et al. (2018). A responsabilidade da disposição final dos resíduos transferida da gestão municipal para os produtores implica, em teoria, na melhoria do sistema de logística reversa dos materiais e faz com que os produtores foquem suas competências no design do produto e na minimização de substâncias tóxicas a fim de reduzir os custos que terá no final da cadeia.

Na prática, entretanto, as empresas não coletam e reciclam seus respectivos resíduos e produtos em final de ciclo de vida. Para isso, foi estabelecido um novo ator na cadeia com a criação de organizações intermediárias responsáveis pela coleta e entrega dos resíduos para operadores de reciclagem em nome dos produtores, denominadas de Producer Responsibility Organizations (PROs) e as empresas ficam, então, responsáveis somente pelo custo dessa gestão. Consequentemente, o aumento de PROs acarretou em competição entre as mesmas e melhoramento de eficiência e redução de custos aos produtores. Analogamente aos tipos de governança de cadeias produtivas propostos por Gereffi et al. (2005), a intermediação exercida pelas PROs remete ao caso da cadeia de valor dos computadores mencionado, em que a REP foi terceirizada para as PROs, tornando a cadeia da reciclagem modular.

Outro exemplo de mudanças na dinâmica da cadeia de valor com a Economia Circular é apresentado por Pan et al. (2015). Os autores apresentaram a obtenção de energia a partir de resíduos agrícolas, industriais, de animais e de resíduos sólidos urbanos sob a ótica do modelo de negócio denominado waste-to-energy. Nesse contexto, os resíduos passam a ser utilizados como matérias-primas, do qual os biocombustíveis, pellets “verdes”, eletricidade e calor gerados transformam as empresas que adotaram o modelo em núcleos distribuidores de energia.

É o que ocorreu, por exemplo, com a empresa do setor de papel e celulose, Chung Hwa Pulp Corp. (CHPC), em Taiwan, ao estabelecer 9 cadeias de suprimento de resíduos de processo. Dentre essas, pode-se destacar o H2 residual interligado com a produção de energia e de produtos químicos, em que foi utilizado para a célula de combustível do veículo de transporte público no Parque Nacional de Taroko, o CO2 foi transportado e aplicado às indústrias de horticultura e química próximas e a produção de dimetil éter (DME) a partir do licor negro, cujo calor excedente foi usado para a fábrica de celulose. Ainda que em pequena escala, devido à limitações de volume necessário desses insumos e tecnologias para a conversão dos resíduos em desenvolvimento, esses núcleos atuam na dinâmica de oferta e demanda locais ao agregarem valor aos resíduos.

Para tanto, é preciso ainda a consolidação de ferramentas regulatórias, financeiras e técnicas que impulsionem produtores, varejistas, associações comerciais, consumidores, recicladores, prefeituras e autoridades nacionais a atuarem em conjunto, como reportado por Kunz et al. (2018) e Pan et al. (2015). Mesmo após quase 30 anos do início das atividades precursoras de REP e as diretrizes impostas pela União Europeia para os veículos, resíduos eletroeletrônicos, de embalagens e de baterias terem mostrado um avanço, ainda existem alguns desafios desse modelo para efetivar a economia circular. Dentre estes, pode-se destacar a falta de padronização de reciclagem e legislação entre os países, falha no incentivo ao design voltado para facilitar esse processo, alta volatilidade dos volumes coletados pelas PROs, exportação ilegal de resíduos, entre outros.

Assim, além da complexidade gerada pela circularidade dos produtos em si no contexto da economia circular, tal prática traz desafios ainda mais complexos ao fazer repensar a dinâmica das cadeias de valor e seus tipos de governança para que ganhe economia de escopo. Ainda que não perfeita, a alternativa proporcionada pela REP pode colaborar para isso desde que haja a presença conjunta dos stakeholders e, mesmo assim, o seu desenvolvimento efetivo se dará no longo prazo.

 

Referências

GEREFFI G.; HUMPHREY, J.; STURGEON, T., 2005. The governance of global value chains. Review of International Political Economy, v. 12:1, p. 78–10.

Kunz, N.; Mayers, K.; Wassenhov, L. N. V., 2018. Stakeholder views on extended producer responsibility and the circular economy. California Management Review, v. 60(3), p. 45-70.

Pan et al., 2015. Strategies on implementation of waste-to-energy (WTE) supply chain for circular economy system: a review. Journal of Cleaner Production, v. 108, p. 409-421.

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